segunda-feira, 20 de setembro de 2010

RIO DOURO de ENCANTO e PRANTO





RIO DOURO de PRANTO e ENCANTO

Meu rio Douro
Douro de paisagens beleza
Maravilha da natureza
Admirável tesouro.
Encostas escarpadas, agrestes
Entre as quais te impusestes,
Nesse leito estrangulado
Onde tantas amarguras soltas
Contra rochedos as tuas revoltas.
Correndo demais apressado
Em tuas destemidas guerras,
Separas tantas serras
Serpenteias rochedos,
Contigo arrastas as terras
Semeando tantos medos,
Reais, submergindo penedos.
Os limas com tua loucura
Por tuas aguas se encobrindo
Em teu leito demais inconstante.
Sentes o Rabelo navegante,
Pões á prova sua bravura
E tantos deles vais destruindo
Nas tuas quantas cachoeiras
De aguas revoltas, apressadas e matreiras
Descendentes as queres navegadas,
Sulcadas pelos barcos Rabelos.
Tornados em teu leito destemidos
Tantos em destroços, quiseste vê-los,
Por ti brutalmente partidos
Em traiçoeiras gargantas engolidos ,
Nesse teu ventre escondidos.
Alguns a muito custo
Após horrendo susto
Á sua partida regressam.
Em tuas correntes renegadas
Sendo a humanos braços puxados
Ou pelas juntas de bois valentes,
Venceram as tuas maldades constantes.
E porque destemidos os sentiste
Quantos Rabelos destruíste?
A famílias inteiras ofereces-te a desgraça
Pela tua quase indomável raça.
Procurando honrar os seus
Pelos enlutados feitos teus,
Incrustou em teus rochedos
Tantas orações e capelinhas,
Dando a conhecer alguns segredos
Que em sinuoso leito mantinhas
Com os quais devoras-te tanta gente
Desde nascente até jusante.

Espraias-te já na foz

Transportas lágrimas de nós
E dás-te ao mar,
Douro difícil de domar.
Viestes tu correndo apressado
Em teu leito apertado
Entre os mais íngremes rochedos.
E qual humano se lembrou
De nesses penedos agrestes
Em que para ti olhando
Arduamente incrustou
Sua vida em pinturas rupestres,
Para em ti serem guardadas
Por entre tuas aguas que correm apressadas.
Chamamos-lhe de homem rude
O qual te reconheceu, Douro de virtude.

Dos teus penedos em saltos loucos
Domado foste aos poucos
Pelo homem Duriense,
O qual em íngremes encostas
Entre penedos talhados
Sua vida em retalhos
E já curvado das costas.

Mas a ti rio a quem ele pertence
Transformou teus arrogantes bramidos
Nos mais ternos gemidos
Cortados da voz, agora roucos
Procura domar-te aos poucos.
Outrora de gritos medonhos
Tens ainda em ti alcoólicos medronhos
Que neste Douro de real agreste
O teu rude ser tanto impuseste.

Cansado de saber em ti tantas cruzes
Foi-te impondo barragens,
Ofertando-te perfumadas aragens
De azevinhos, mais videiras e urzes.
Para que as possas saborear,
Alargou-te as margens
Para teu poder acalmar.
Deitou-te em albufeiras quais, aquáticos lençóis,
Agora em ti docemente a navegar,
Deitado em ti contempla os sete sois,
As estrelas, a lua e o luar.
Douro e Duriense querendo-se entender,
Procurem outros os compreender.
Mas sabe-se do Duriense a chorar
Porque este Douro lágrimas teima transportar.
Douro acarinha as Durienses ideias
Esquece as tuas, tão arrogantes
Não queiras os humanos de ti distantes
Temendo as tuas arrojadas cheias
Nesse sentido teu, indomável ser
Que humanos tantos levas a padecer
Deixa calmamente em ti ir navegando
E tuas paisagens admirando
Desses socalcos em ti incrustados
Pelo Duriense e seus pecados
Nas sentidas forças tuas indomáveis
Tantas videiras, simplesmente incontáveis
As quais em amarguras sentidas
Perante ti se curvam já contorcidas
Ouvindo murmúrios de tuas aguas, cantigas
E perante o sol se sentem perdidas
Criando uvas, enaltecendo suas alegres fadigas.
Néctar que brota dessas escarpadas encostas o qual glorificas
Em rabelos percorrem teu leito, vinho que de PORTO notificas
Em tuas íngremes encostas nidificam
Raras aves, em extinção
As quais simplesmente personificam
Por natureza a tua agreste razão
Douro de encanto rude
Douro de enorme virtude
Destemido rio, atroz
Qual animal feroz
Pelo Duriense quase domado
RIO DOURO de real encantado
RIO DOURO BELEZA da NATUREZA
Tem o mundo razão de pranto
Se desconhece o teu encanto
Luzern. 26.08.2010.

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