domingo, 5 de dezembro de 2010

Ouvi um conto e um ponto.

OUVI UM CONTO E UM PONTO

Ontem segunda feira , escutei
Algo que Domingo foi comentado,
Tendo sido falado já no mês passado
Mas que por quem eu não sei.

Alguém não tendo na língua preguiça
Aproveitando a saída da missa
Em alvoroço, cochichando comentava
Que o ouvira… E como certo o jurava.

A ROSA fora desflorada.
Essa mesma, a filha da ti´MARIA,
Pelo XICO ZÉ do ti´ANTÓNIO,
Que possuída pelo demónio
Louca endiabrada andaria
E chamar-se iria agora de ROSA enjeitada.

Quarta feira doutros não pensei
Ouvir quando perto lhes passei.
O que fora ouvido do mês passado,
Mais comprido estava um bocado.

A chamada agora ROSA enjeitada
A mesma que este mundo repreende,
Achando-se pleno de razão.
(Do XICO ZÉ não fora em primeira mão)
Pois ele dessas coisas pouco entende
Antes dele, fora nua com o MANEL encontrada.

Sexta feira se comentou
O que o JOAQUIM ontem falou,
Mostrando-me equivocado
Pois novo ponto tinha sido aumentado.

Que a ROSA já fora simplesmente enjeitada
Pelo MENINO, o filho do senhor ANTONINO
O qual da endiabrada abusou.
E que depois do acto logo deixou
Ao deus-dará, entregue ao destino,
Agora em pranto se vê renegada.

Neste sábado fiquei mais admirado
Pelo que contado ouvi
Tanta confusão sei que senti
Que até pensei ser conto trocado.

Se justificação a alguém pedisse
Sei que o mais natural
Diziam, (ouvi dizer que alguém o disse)
Que a ROSA foi desflora no matagal.

Perde a ROSA sua ternura perfumada
Porque um dia se quis amada
E murchava assim tal encanto
Secando, agoniada no entretanto.

Comentada pelas bocas do mundo
Onde aumentados vi em tantos e mais um ponto
Nos quais tantos eu mesmo me confundo
Sem saber quem começou este conto.

Ouvi dizer que disse…
Não sei, ouvi dizer…
Conto dito, não que o visse,
Tanto fez a ROSA sofrer.
Pois quem ouviu, contou o conto
Sempre lhe aumentando um ponto.

Já muito a ROSA terá sofrido
Por este conto de tanto ponto aumentado
Em que seu nome viu envolvido
Sem que nada lho fizesse prever
Do qual ninguém será julgado.
Foi comentado de domingo, a domingo
Aumentado em tantos pontos o fui ouvindo.
Que comentários poderás tu tecer
Se julgas como verdades o; (OUVI DIZER).

Luzern.29.08.2010

nota do autor: Não caiam-mos no ridículo, afirmar só se for visto e bem e por outros também.

VI UM ANJO


VI UM ANJO

Eu vi um anjo com asas pequenas
Como jamais verei outras algumas
Quis-lhe entregar minhas penas
Em troca de suas lindas plumas.

Ele me disse não ter sentido nem jeito
Penas minhas, por suas plumas trocar
Assim sendo, com penas me deito
E muitas mais tenho ao levantar.

Este anjo com plumas de encanto
Está habitando no meu pensamento
Sempre esvoaçando no firmamento
Suas asas são as brisas do vento.

Este anjo que voando desceu do céu
Quando soube do meu amargurado chorar
Com imensa ternura me ofereceu
Suas asas para no vento me levar.

Tem este anjo grandeza e valor
Adorada sensibilidade e amor.
Ás suas asas então me agarrei
E com elas docemente voei.

Luzern. 17.10.2010

sábado, 4 de dezembro de 2010

Pipas e Magoas




PIPAS E MAGOAS
Rabelo que no douro navegas
De mastro aprumado,
Velhinha vela desfraldada.
Neste Douro alegremente navegado,
Grito de garganta abafada,
Pelo teu silencio encantado.
Rabelo, barco único que este Douro navegas.

Das correntes se desempecilha
Com a mestria de sua quilha
Seu direito fundo, que desliza .
Navega com tal sabedoria, precisa.
Transporta pipas de magoas
Cheias, de lágrimas doces e amargas.
Vejo o Rabelo a passar.

Entraram em teu ventre no PINHÃO,
Nesse robusto Douriense coração
As lágrimas choradas por nós
Que teimas levar até á foz.
Admirando tamanha beleza
Das lindas margens Unesco por natureza.
Vejo o Rabelo a passar.

Cantas como alegre menino
Por entre as aguas sem as temer
Ao longe me pareces agora pequenino,
Pois já mal te consigo ver.
Cantarolando, nas aguas avanças.
Entre os sorrisos das crianças,
Vejo o Rabelo a passar.

Não tens esteiras de conforto,
Mesmo que baloiçando te sintas
Por entre as aguas matreiras.
Tumultuosas tais canseiras,
Produto das Dourienses quintas.
Na margem frontal ao PORTO,
Teimas Rabelo não mais navegar.

Chegado ás caves de GAIA
Tua carga se esvaia,
Deixando a nu o convés.
Na sombra da tua vela rasgada,
Velhinha demais, esfarrapada
Por tantas vezes a teres içado.
Foi o Douro por ti Rabelo, navegado.

Esmoreces agora no lodo encalhado
Despojado, sentes tão triste o convés
Choras lágrimas tuas, outras de nós, quem as canta?
Enrouquecido te sei da garganta.
Vês-te triste amargurado, abandonado.
Talvez não saibas, mas ainda o és
Meu amigo Rabelo, barco encalhado.

Pois só tu ousarias tal destreza,
Navegar em aguas de tamanha rudeza,
Desbravar maldades do seu rugido.
Quantas vezes para ti gritando, ofendido
Querendo proibir-te de o navegares.
Mostra-te de novo aos meus olhares.
Para que eu te veja, Rabelo no Douro a navegar.

Agora sem pipas de magoas
Nem lágrimas sentidas aflitas,
Talvez envaidecido te sentes.
Navegas nas calmas aguas,
Transportando bisbilhoteiros turistas,
Mistura de raças e gentes.
Vejo de novo o Rabelo no Douro a passar.

Classificou a Unesco tuas margens
Como belezas da humanidade que o são,
Ornamentadas por videiras e urzes silvestres.
Em ti Rabelo guardas tormentas das viagens,
Rabelo encanto neste Douro de eleição.
Acolhes em tua velhinha vela as aragens ás quais te destes.
Em ti encanto o olhar quando neste Douro Rabelo te vejo passar. Luzern.19.11.2010
SONHEM OS SONHOS

Linda Flor




não tenho intenção de parar
nem tão pouco de não ter sonhos
arregaço as mangas, teimo continuar
cada vez mais os quero risonhos
tantos desejo poder realizar
em mim mesmo os penso e imponho
os tristes em alegres transformar.

abro os olhos, procuro-te ó bela
rosa do meu encantado roseiral
espinhos tem, é linda! mais que aquela
perfumada aveludada sem igual
recheada em ternura e singela
enfeitando linda jarra de cristal
como em sonhos, me encanta ela.

flor linda a qual venero
com minha sentida ternura
perfume da mesma que eu quero
possa e queira me levar á loucura
enquanto no meu canto a espero
nascida, criada e rodeada de verdura
teu perfume me embriaga no sincero

assim te abraço, perfumada
sabendo que tambem me queres
entrego-me a ti sem pensar em nada
enquanto perfumes me deres
pois és tu minha flor adorada
fico esperando que então ponderes
em mim te veres abraçada.

antes que meus olhos chorem
não te abandone o doce encanto
que mais lagrimas me devorem
no mais amargurado tormento
assim tristes e sentidas se o forem
me obrigam a tamanho lamento
enquanto ventos loucos as deflorem.

flor minha que o tempo murchou
sem pena nenhuma, nem piedade
se foi o calor que sua seiva lhe roubou
quando nela eu tinha vaidade
terá sido talvez a geada que a apanhou
ou então seriam ventos de maldade
em meu jardim flor nenhuma restou.

de novo espero colher flores
pois hei-de semear o mais lindo canteiro
perfumarei com seus odores
minha rua e o mundo inteiro
tratá-las irei por meus amores
quero ser o mais empenhado jardineiro
embelezar o universo com lindas flores.

joão de migueis