sábado, 26 de março de 2011

PELAS ENTRANHAS DE ALIÓ



Se ao norte é SOUTO de ESCARÃO
Ao sul o Douro, sempre PINHÃO
Na vinha se passeia a perdiz
Pelas quintas de VAL DE MENDIZ.
Povoado demais pequenino
Mirante do Douro, VILARINHO
Implantadas nas Durienses encostas
Lustro visto, CASAL DE LOIVOS, PÓVOA e COTAS
Não te guardarei em segredo
Vejo o Douro dos socalcos do CASTÊDO
A GRANJA terra de vinho Granjó
Simplesmente já pegada a ALIJÓ
De gente boa no aconchego
SOUTELINHO visto, após MONDEGO
Esculpido por mestre escultor
Ou pintado por ilustre pincel
Quatro cantos pão do melhor sabor
FAVAIOS terra do afamado moscatel
Continuo assim com minha liberdade
Sem olhar ao calendário
Nossa SENHORA da PIEDADE
SANFINS do DOURO seu santuário
Olho CHEIRES com olhares singelos
Da mesma freguesia que AGRELOS
Soalheira teimosamente bela
Perfumada sempre singela
Sobre a encosta escarpada
SANRRADELA sabiamente implantada.
Alegro-me quando VILAR DE MAÇADA canta
Gente de ternura, CABÊDA me espanta
COVA de LOBOS ou de lobos cova
Sei que FRANCELOS soalheiro se renova
Já a laranja de SÃO MAMEDE perdura
Mas a de SAFRES é mais madura
Povoado simples mas ordeiro
Nevoeiros do Tua mergulham o AMIEIRO
Figos secam no silêncio mais natural
Nesta terra pacata do FRANZILHAL
Mantidas pintadas na imperfeição
Rupestre Pála-Pinta de CARLÃO
Ninguém julgue por blasfémia
Raízes minhas de SANTA EUGÉNIA
Nestes benditos caminhos
SENHORA dos AFLITOS em PEGARINHOS
Ofertas de simples abrigo
Terra de amêndoas é CASTORIGO
Implantada sobre uma fraga vejo florir
Mas triste se mostra, VAL DE MIR
No monte da Cunha olhos postos tens
Neste horizonte de fragas, pinho e terra
Presunção de PRESANDÃES
Quase despovoada CASAS da SERRA
VILA CHÃ e também CARVALHO
Planalto de aragem sã
Gente honesta que sente o orvalho
Nesta linda e airosa minha CHÃ
Terra de subsistente lavoura
Tão pequenina e triste a RAPADOURA
Sua pequenez não engana
Pois pouco o olhar se alonga
Linda terra de SANTA ANA
Pastoreiam-se rebanhos na RIBALONGA
Sem haver o antes nem o depois
Pequenino assim, descubro CAL de BOIS
Tem o PÓPULO lindo Castro
O qual foi erguido a punho
Quase sem deixar rasto
Desde a idade da pedra lascada
Mas abaixo vos descubro VAL de CUNHO
Logo depois de CASAS da ESTRADA
Pensais que poderia entrar em desleixo
Depois de visitar as gentes do FREIXO?
Percorro novo planalto, salto a parede
Na simplicidade de VILA VERDE
Eis que meu olhar preso fica
Na linda capelinha da airosa PERAFITA
E enquanto naturalmente esperais
Que após vos descrever JORJAIS
Me passeie por entre gentes simples da BALSA
E muita criança no rio descalça
Eis que vejo destas entranhas chegar o fim
Neste pobre e humilde VAL de AGODIM
Recebam terras estas, carinhos poéticos de mim.

Não queirais me deixar agora só
Vos peço que de mim tenhais dó
Pois me sinto cansado de tanto caminhar
Em qualquer destas terras vos podereis encantar
Sendo que também eu tanto nelas me encantei
Enquanto em suas entranhas docemente me passeei
Caminhos estes que alguém um dia desbravou
Os quais hoje aqui a conhecer vos dou
De pedras, lágrimas, lamas, terra pó
Caminhos rudes do concelho de ALIJÓ.

A norte SOUTO de ESCARÃO
Tem AMIEIRO pelo nascente
A sul o sempre dourado PINHÃO
Lhe fica CABÊDA a poente
Vos afirmo sem algum receio
Que livremente por todo ele me passeio
Sempre feliz e contente
Pois faço parte desta gente
Vos afirmo que todo este é um só
Lindo e chármoso concelho de ALIJÓ.

Lavas os pés no Rio Douro
Uma face banhada pelo Tua
E refrescada pelo Tinhela
Aragem fresca te oferece o rio Pinhão
Encabeça-te a montanha sóbria e rude
A qual é teu encantado tesouro
Aquece-te o sol e beija-te a lua
Na tua mais sincera paisagem, tão bela
A qual guardarei sempre no coração
Assim me encanta toda a tua virtude.

Terra linda e airosa
Assim te olha SABROSA,
Te enaltece o valor que tens
Brisas vindas de CARRAZEDA de ANSIÃES,
Sentirá inveja SÃO JOÃO da PESQUEIRA
Da tua gente ser tão hospitaleira?
De MURÇA te chega o frio do cinzelo
Que faz de ti o Concelho mais belo.

De tudo este Concelho tem
E lhe assenta muito bem
Desde simplicidade e bravura
Tem pergaminhos, tem ternura
Crenças e muitas esperanças
Sorrisos de tantas crianças
Terra de acarinhado tesouro
Gente boa e socalcos no Douro.

Visitem-me, venham até mim
Pois ser-vos-ei bom acolhedor
Na minha requintada simplicidade
A vós me entrego de alma e razão
Porque realmente lindo me julgo assim
Da vossa visita julgar-me-ei merecedor
Com a mais purificada naturalidade
De bandeja vos entrego aqui meu coração
Assim fica em mim esta natural certeza
De vos descrever como sou, concelho bonito
Vosso guia turístico vou teimando ser
Sendo capaz de vos transportar a esta beleza
Decerto contente comigo mesmo fico.
Resta-me a esperança que me venham conhecer,
Façam por minha ternura carinhosa merecer
Pois de braços abertos eu vos saberei receber
Que até sou capaz de vos convidar a em mim viver.

Luzern.17.01.2011

XISTO DESBRAVADO

FAVAIOS terra de xisto
Onde descubro tesouro
Lindo jardim em flor
Assim sentido e visto
Nas encostas deste Douro
Um povo teu merecedor.

Oferta carinhos ás videiras
Com suas mãos calejadas
Recebem delas o sustento
As suas gentes hospitaleiras
Como em jardim as quer cuidadas
Sendo que por elas tem encanto.

Em planícies ou em socalcos estão
Algumas nos simples quintais
Contorcidas, queridas e bonitas
Os frutos que a FAVAIOS dão
Terra, do xisto desbravado
Plantado neste PORTUGAL
Jardim lindo por eleição
FAVAIOS do moscatel afamado.

Luzern.21.01.2011

DE MEUS OLHOS PAISAGEM

Rivalizando nessa linda paisagem
Descalça na areia caminhando
Meu olhar, demais preso fica.
Mais me parece ser miragem
Ou que talvez esteja sonhando
Ao ver-te BALBINA, tão bonita!!!

Só tu poderias ser
Esse anjo, chamado de ternura
Fronteira entre água, terra e o ar.
Capaz de transparecer
No teu doce olhar, a candura
Firmemente em pensamentos me levas a voar.

Por entre o arvoredo o sol te descobre
Nessa mesma folhagem recheada de verdura
Na qual, aves entoam hilariante melodia.
E vem ao-de-cima teu ser por demais nobre
Que em ti teimosamente perdura,
De me afastar da sentida nostalgia.

És tu minha, encantadora paisagem
A qual incansavelmente teimo em admirar
Mesmo antes d’aurora irromper.
Então me embriago em tua doce aragem
Sorrindo eu loucamente ao te olhar
Paisagem linda, gosto me dá poder-te ver.

Não necessito outra mais procurar
Para me arrebatar á loucura
Sendo que a ti alegremente me entrego.
Todo o recanto teu, avista meu olhar
Descobrindo assim tamanha ternura
A qual tanto quero, não o nego.

Paisagem de eloquente sábio colorido
Qual prado mais verdejante
Ou jardim melhor cuidado?
Deixo então meus olhos contigo
Vejo-me prisioneiro, sorridente
Sendo tu meu horizonte adorado.

Nem eu saberei bem qual a razão
Mas decerto não julgues ser maldade
Pois me vejo aprisionado ao te olhar.
Só espero ser contemplado por teu perdão
Ao embriagar-me por demais na liberdade
Mas ao ver-te sou obrigado a assim sonhar.

Luzern. 26.02.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Ouvi um conto e um ponto.

OUVI UM CONTO E UM PONTO

Ontem segunda feira , escutei
Algo que Domingo foi comentado,
Tendo sido falado já no mês passado
Mas que por quem eu não sei.

Alguém não tendo na língua preguiça
Aproveitando a saída da missa
Em alvoroço, cochichando comentava
Que o ouvira… E como certo o jurava.

A ROSA fora desflorada.
Essa mesma, a filha da ti´MARIA,
Pelo XICO ZÉ do ti´ANTÓNIO,
Que possuída pelo demónio
Louca endiabrada andaria
E chamar-se iria agora de ROSA enjeitada.

Quarta feira doutros não pensei
Ouvir quando perto lhes passei.
O que fora ouvido do mês passado,
Mais comprido estava um bocado.

A chamada agora ROSA enjeitada
A mesma que este mundo repreende,
Achando-se pleno de razão.
(Do XICO ZÉ não fora em primeira mão)
Pois ele dessas coisas pouco entende
Antes dele, fora nua com o MANEL encontrada.

Sexta feira se comentou
O que o JOAQUIM ontem falou,
Mostrando-me equivocado
Pois novo ponto tinha sido aumentado.

Que a ROSA já fora simplesmente enjeitada
Pelo MENINO, o filho do senhor ANTONINO
O qual da endiabrada abusou.
E que depois do acto logo deixou
Ao deus-dará, entregue ao destino,
Agora em pranto se vê renegada.

Neste sábado fiquei mais admirado
Pelo que contado ouvi
Tanta confusão sei que senti
Que até pensei ser conto trocado.

Se justificação a alguém pedisse
Sei que o mais natural
Diziam, (ouvi dizer que alguém o disse)
Que a ROSA foi desflora no matagal.

Perde a ROSA sua ternura perfumada
Porque um dia se quis amada
E murchava assim tal encanto
Secando, agoniada no entretanto.

Comentada pelas bocas do mundo
Onde aumentados vi em tantos e mais um ponto
Nos quais tantos eu mesmo me confundo
Sem saber quem começou este conto.

Ouvi dizer que disse…
Não sei, ouvi dizer…
Conto dito, não que o visse,
Tanto fez a ROSA sofrer.
Pois quem ouviu, contou o conto
Sempre lhe aumentando um ponto.

Já muito a ROSA terá sofrido
Por este conto de tanto ponto aumentado
Em que seu nome viu envolvido
Sem que nada lho fizesse prever
Do qual ninguém será julgado.
Foi comentado de domingo, a domingo
Aumentado em tantos pontos o fui ouvindo.
Que comentários poderás tu tecer
Se julgas como verdades o; (OUVI DIZER).

Luzern.29.08.2010

nota do autor: Não caiam-mos no ridículo, afirmar só se for visto e bem e por outros também.

VI UM ANJO


VI UM ANJO

Eu vi um anjo com asas pequenas
Como jamais verei outras algumas
Quis-lhe entregar minhas penas
Em troca de suas lindas plumas.

Ele me disse não ter sentido nem jeito
Penas minhas, por suas plumas trocar
Assim sendo, com penas me deito
E muitas mais tenho ao levantar.

Este anjo com plumas de encanto
Está habitando no meu pensamento
Sempre esvoaçando no firmamento
Suas asas são as brisas do vento.

Este anjo que voando desceu do céu
Quando soube do meu amargurado chorar
Com imensa ternura me ofereceu
Suas asas para no vento me levar.

Tem este anjo grandeza e valor
Adorada sensibilidade e amor.
Ás suas asas então me agarrei
E com elas docemente voei.

Luzern. 17.10.2010

sábado, 4 de dezembro de 2010

Pipas e Magoas




PIPAS E MAGOAS
Rabelo que no douro navegas
De mastro aprumado,
Velhinha vela desfraldada.
Neste Douro alegremente navegado,
Grito de garganta abafada,
Pelo teu silencio encantado.
Rabelo, barco único que este Douro navegas.

Das correntes se desempecilha
Com a mestria de sua quilha
Seu direito fundo, que desliza .
Navega com tal sabedoria, precisa.
Transporta pipas de magoas
Cheias, de lágrimas doces e amargas.
Vejo o Rabelo a passar.

Entraram em teu ventre no PINHÃO,
Nesse robusto Douriense coração
As lágrimas choradas por nós
Que teimas levar até á foz.
Admirando tamanha beleza
Das lindas margens Unesco por natureza.
Vejo o Rabelo a passar.

Cantas como alegre menino
Por entre as aguas sem as temer
Ao longe me pareces agora pequenino,
Pois já mal te consigo ver.
Cantarolando, nas aguas avanças.
Entre os sorrisos das crianças,
Vejo o Rabelo a passar.

Não tens esteiras de conforto,
Mesmo que baloiçando te sintas
Por entre as aguas matreiras.
Tumultuosas tais canseiras,
Produto das Dourienses quintas.
Na margem frontal ao PORTO,
Teimas Rabelo não mais navegar.

Chegado ás caves de GAIA
Tua carga se esvaia,
Deixando a nu o convés.
Na sombra da tua vela rasgada,
Velhinha demais, esfarrapada
Por tantas vezes a teres içado.
Foi o Douro por ti Rabelo, navegado.

Esmoreces agora no lodo encalhado
Despojado, sentes tão triste o convés
Choras lágrimas tuas, outras de nós, quem as canta?
Enrouquecido te sei da garganta.
Vês-te triste amargurado, abandonado.
Talvez não saibas, mas ainda o és
Meu amigo Rabelo, barco encalhado.

Pois só tu ousarias tal destreza,
Navegar em aguas de tamanha rudeza,
Desbravar maldades do seu rugido.
Quantas vezes para ti gritando, ofendido
Querendo proibir-te de o navegares.
Mostra-te de novo aos meus olhares.
Para que eu te veja, Rabelo no Douro a navegar.

Agora sem pipas de magoas
Nem lágrimas sentidas aflitas,
Talvez envaidecido te sentes.
Navegas nas calmas aguas,
Transportando bisbilhoteiros turistas,
Mistura de raças e gentes.
Vejo de novo o Rabelo no Douro a passar.

Classificou a Unesco tuas margens
Como belezas da humanidade que o são,
Ornamentadas por videiras e urzes silvestres.
Em ti Rabelo guardas tormentas das viagens,
Rabelo encanto neste Douro de eleição.
Acolhes em tua velhinha vela as aragens ás quais te destes.
Em ti encanto o olhar quando neste Douro Rabelo te vejo passar. Luzern.19.11.2010
SONHEM OS SONHOS

Linda Flor




não tenho intenção de parar
nem tão pouco de não ter sonhos
arregaço as mangas, teimo continuar
cada vez mais os quero risonhos
tantos desejo poder realizar
em mim mesmo os penso e imponho
os tristes em alegres transformar.

abro os olhos, procuro-te ó bela
rosa do meu encantado roseiral
espinhos tem, é linda! mais que aquela
perfumada aveludada sem igual
recheada em ternura e singela
enfeitando linda jarra de cristal
como em sonhos, me encanta ela.

flor linda a qual venero
com minha sentida ternura
perfume da mesma que eu quero
possa e queira me levar á loucura
enquanto no meu canto a espero
nascida, criada e rodeada de verdura
teu perfume me embriaga no sincero

assim te abraço, perfumada
sabendo que tambem me queres
entrego-me a ti sem pensar em nada
enquanto perfumes me deres
pois és tu minha flor adorada
fico esperando que então ponderes
em mim te veres abraçada.

antes que meus olhos chorem
não te abandone o doce encanto
que mais lagrimas me devorem
no mais amargurado tormento
assim tristes e sentidas se o forem
me obrigam a tamanho lamento
enquanto ventos loucos as deflorem.

flor minha que o tempo murchou
sem pena nenhuma, nem piedade
se foi o calor que sua seiva lhe roubou
quando nela eu tinha vaidade
terá sido talvez a geada que a apanhou
ou então seriam ventos de maldade
em meu jardim flor nenhuma restou.

de novo espero colher flores
pois hei-de semear o mais lindo canteiro
perfumarei com seus odores
minha rua e o mundo inteiro
tratá-las irei por meus amores
quero ser o mais empenhado jardineiro
embelezar o universo com lindas flores.

joão de migueis