sábado, 22 de maio de 2010

para te chamar





PARA TE CHAMAR.

Atirei pequena pedrinha,
Á mais vistosa vidraça,
Sei que era a tua janela.
Na esperança minha
De ver a gostosa graça,
E beleza da dona dela.

Atirei a primeira pedrinha
Á tua encantada janela,
Atirei com ela meus desejos,
Esperança tanta era a minha,
Que quem olhava através dela,
Comigo repartisse seus beijos.

Querendo te chamar,
Atirei uma pedrinha,
Com a ternura da minha mão.
Nem te dispusestes a olhar,
Queria dar-te o que nela tinha:.
(O mundo inteiro e meu coração).

Esperava, e tu não vinhas.
Sem sinais da tua presença,
Te julguei de mim esquecida.
Fui atirando mais pedrinhas,
Cada vez mais esperança,
Julgava-te já adormecida!

Como á janela não vinhas,
Já entristecendo ia eu,
Amargurava o pensamento.
E fui atirando mais pedrinhas:
Esperando ver o rosto teu,
Mesmo por breve momento.

Pela calada da noite senti calafrios;
Apagavam-se em mim fogos de amor,
Porque tu teimando, á janela não vinhas.
Tornados teus brios, nos gélidos frios,
Nem nas cinzas havia uma réstia de calor,
E até Já de mim se escondiam as tais pedrinhas.

Á tua linda janela atirei tantas pedrinhas.
Por muitas mais que a ela eu atirasse…
Julgavas-te mais bela que a que tinhas?
Esperaste que de as atirar me cansasse?
E por detrás da janela te mantinhas
Escondias-te de mim e das pedrinhas.

Na rua daquela janela,
Até já o brilho se ausentou
E nela nem uma pedrinha
Que encantos teria ela?
Porque ela me encantou?
Se a dona a ela não vinha!!!!

Quando passo na tua rua,
Parado fico por momentos.,
Já não vejo as tais pedrinhas
Como as que atirei á janela tua.
Agora mudados os tempos,
Já não sei atirar pedrinhas.

Já não te arrasto mais a asa,
Nem pedrinhas vou atirar,
Também para não te magoar.
Desvio-me da janela da tua casa.
Para detrás dela não te ver olhar
Muito menos ver-te chorar.

Agora debruçada á janela,
Ausente a outrora ternura,
Pedrinhas guarda no pensamento.
Chama quem atirou pedrinhas a ela,
Com gritos á sua bravura,
Pedindo o regresso desse tempo.

Acaso julgastes serem pedradas
Em vez de ternas pedrinhas
Que com doçura te atirei á janela?
Tristemente são lágrimas passadas…
Será que por serem demais pequeninas,
Teimosamente não reparas-te nelas?

Já não és mais aquela
Que vivia naquela janela
Onde atirei tanta pedrinha.
Verdade que deixou de ser a donzela,
Pois vejo olhar-me por detrás dela
Uma tão amargurada velhinha!

Se eu assim te olhando,
Pudesse o tempo parar…
Iria olhar-te segredo guardando,
Sem meus olhos desviar,
Daquela deveras gostosa janela
E dos olhos que estão por detrás dela.

Ausentou-se das apetecidas ternuras,
Julgando serem demasiadas loucuras.
Da vidraça da dita janela fez sua prisão.
Simplesmente renegou-se a aventuras.
Sabe-se que perdidamente procura,
Acalentar seu triste e dorido coração.

Nota do autor:
Foram códigos da mocidade
Pedrinhas atirar ás janelas,
Tamanha era a ansiedade
Para ver quem morava nelas.

LUZERN Abril 2010.



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